A urticária é caracterizada pelo aparecimento de urticas, que são lesões vermelhas e inchadas, de formatos e tamanhos variados, que coçam bastante, podendo também queimar ou até doer. As urticas duram de minutos a horas, desaparecendo em no máximo 24 horas, sem deixar marcas ou cicatrizes.
Cerca de 50% dos casos de urticária são acompanhados de angioedema, que são inchaços maiores, localizados e mais profundos que ocorrem principalmente nos lábios, pálpebras, pés, mãos e genitais.
Classificação da urticária
A urticária pode ser classificada pela duração dos sintomas em:
Urticária aguda – crises duram menos de 6 semanas;
Urticária crônica – crises duram mais de 6 semanas e ocorrem na maioria dos dias ou todos os dias , muitas vezes duram anos.
Urticária Aguda
Ocorre o aparecimento de urticas (lesões altas e avermelhadas) de tamanhos variados em qualquer parte do corpo, com muita coceira. Pode ocorrer também o angioedema (inchaços), principalmente na área da face. Nos casos muito graves, pode haver inchaço da língua e da glote e levar ao risco de morte se o indivíduo não for atendido a tempo.
As causas mais comuns da urticária aguda são medicamentos, alimentos, picadas de insetos, infecções (principalmente virais) e contactantes (látex). Pode ocorrer por mecanismos alérgicos e não alérgicos.
Urticária aguda alérgica
Na urticária aguda alérgica por medicamentos ou alimentos, o quadro ocorre rapidamente, no máximo em até uma hora da ingestão do agente causador da crise. Normalmente a urticária alimentar é grave e cursa com angioedema.
Os alimentos mais implicados são crustáceos (camarão), amendoim, trigo, soja, ovo e leite de vaca. Pessoas alérgicas a esses alimentos podem também não tolerar alimentos semelhantes ou da mesma família, por exemplo, um indivíduo alérgico a amendoim pode manifestar a doença ao ingerir nozes ou amêndoas.
Urticária aguda pseudoalérgica
Existem as urticárias agudas pseudoalérgicas (falsa alergia), que na verdade ocorrem por intolerância a medicamentos e ao corante artificial amarelo tartrazina. Esse tipo de urticária é dose dependente, ou seja, ocorre se a dose ingerida for suficiente para desencadear a crise e isso é variável para cada indivíduo.
Urticária Crônica
Pode ser subdividida em dois tipos: urticária espontânea e urticária induzida.
Urticária crônica espontânea
A urticária crônica espontânea (UCE) é o subtipo de urticária que surge sem que se encontre qualquer fator desencadeante para o aparecimento da crise. O paciente procura a causa o tempo todo e não a encontra. Cerca de 60% de todas as urticárias crônicas são da forma espontânea.
Cientificamente não se sabe exatamente porque ela ocorre, pois os mecanismos que a causam ainda não são completamente conhecidos pela medicina. Os estudos científicos atuais demonstram a possibilidade de parte das urticárias espontâneas serem uma doença autoimune, nesse caso ocorre a produção de autoanticorpos, que são anticorpos produzidos pelo nosso próprio organismo, causando urticária. A favor dessa teoria observa-se a associação desse tipo de urticária com outras doenças autoimunes, isso é, o paciente com UCE frequentemente possui outras doenças autoimunes.
A doença autoimune que mais se associa à urticária crônica espontânea é a doença da tireoide, principalmente tireoidite de Hashimoto, mas também vitiligo, artrite reumatoide, anemia perniciosa, síndrome de Sjoegren, entre outras.
Importante salientar que ainda não existe um exame comercialmente disponível que confirme a presença dos autoanticorpos como causa da urticária crônica espontânea. Deve ser frisado que o tratamento de outras doenças autoimunes que possam estar presentes concomitantemente à urticária não melhora os sintomas desta – nesses casos, a urticária necessita de tratamento específico.
Urticária crônica induzida
A urticária crônica induzida ocorre devido a um fator desencadeante externo como fricção, pressão, vibração, calor localizado, frio, aumento da temperatura corporal ou contato com a água ou com outras substâncias. De acordo com essa causa, receberá um nome específico – por exemplo, se for causada pela fricção da pele, chamará dermografismo; se for causada pelo aumento da temperatura do corpo, chamará urticária colinérgica.
Normalmente, nas urticárias induzidas, as crises são rápidas e duram menos de 1 hora – exceto a de pressão tardia e de contato, que podem ser mais duradouras. Esse tipo de urticária agrupa as urticárias físicas, que são as causadas por estímulos físicos.
Muitos pacientes têm mais de um tipo de urticária. Podem ter urticária crônica espontânea associada a urticária física. Ou ainda ter duas ou mais urticárias induzidas, como dermografismo + urticária colinérgica.
Existe uma variedade de urticária colinérgica e urticária aquagênica que só cursam com coceira e são denominadas respectivamente, prurido colinérgico e prurido aquagênico.
Tratamentos disponíveis
Tratar o portador de urticária é um desafio. Não existe um tratamento que seja único e ótimo para todos os pacientes. Ele deve ser individualizado, considerando cada doente e o seu tipo de urticária.
É importante frisar que só um médico pode conduzir um tratamento de urticária. Ele será capaz de fazer o diagnóstico correto da doença, dos tipos e, assim, iniciar o tratamento.
Urticária aguda – o tratamento baseia-se no uso de anti-histamínicos e, em algumas situações, no uso de corticoide sistêmico por curto período de tempo. Na emergência, usa-se anti-histamínicos por via venosa e adrenalina por via subcutânea. Pacientes com grande risco de urticária e angioedema alérgico grave podem carregar consigo e utilizar uma seringa autoaplicável de adrenalina, para uso em situações de emergência.
Urticária crônica – também baseia-se no uso de anti-histamínicos, chamados popularmente de antialérgicos. Muitas vezes, estas medicações precisam ser usadas em doses altas, acima das recomendadas em bula e, até mesmo, em combinação de dois ou mais medicamentos antialérgicos diferentes. Caso não haja melhora apenas com a associação de anti-histamínicos, outras medicações mais complexas precisarão ser adicionadas ao tratamento, como dapsona, ciclosporina e outros imunossupressores, dependendo sempre de cada paciente e de seu tipo de urticária. Isso vai ser avaliado pelo médico que estará acompanhando o doente. Por causa do risco de efeitos colaterais graves a médio e longo prazos, os corticoides sistêmicos (prednisona, prednisolona, betametasona e outros) devem ser evitados no tratamento da urticária crônica. Existe ainda um medicamento chamado Omalizumabe. Este tratamento já está sendo usado em vários países da Europa, Estados Unidos e Canadá com excelentes resultados nos pacientes com urticária crônica espontânea que não respondem aos tratamentos convencionais com os antialérgicos. Recentemente foi aprovado pela ANVISA e é mais uma opção de tratamento.